23 de novembro de 2011

Rodeio vira palco dos sonhos para caubói de 19 anos Edmilson Gonçalves!
edmilson gonçalves

Aos 15 anos e com uma perna fraturada, o até então estudante Edmilson Gonçalves abandonou o colégio para, a contragosto dos pais, se dedicar à carreira que desde criança planejava seguir. Com uma convicção atípica para alguém tão jovem, ele começou a treinar, montar em bezerros e, no brete doRodeio de Jaguariúna, era o mais jovem caubói a participar da final do Brahma Super Bull Professional Bull Riders, ou PBR, competição internacional cujo prêmio chega a R$ 20 mil.

“Esse é o primeiro campeonato internacional de que participo”, comenta o peão de São José do Rio Preto, que em 2010 ficou em 12º lugar no ranking brasileiro. “O PBR é um campeonato internacional, e pra mim é o maior do mundo. Graças a Deus que eu estou aqui dentro hoje”, diz, pouco antes de entrar na arena para a cerimônia que dá início à competição.


"Dá um friozinho na barriga, sempre", diz, antes de entrar na arena

Embora ainda seja considerado um novato na área, a rotina de Edmilson é de gente grande. “Os rodeios acontecem a partir de fevereiro ou março e vão até o fim do ano. E, durante a temporada, é direto. Tem rodeio toda semana”, conta ele, que na semana passada trabalhou nos rodeios de quinta a domingo, em duas cidades diferentes, Jaguariúna e Ribeirão Preto.

O dia-a-dia de um peão é cansativo, principalmente pelo esforço físico que os poucos segundos na arena exigem do caubói. Mas essa foi a vida que Edmilson sonhou levar: “Na minha família não tem nenhum peão nem ninguém de rodeio. Seguir a carreira foi uma vontade minha mesmo, eu sempre gostei”, diz ele. “Se eu ficar sem montar, chego a sonhar com boi”.

A paixão é tanta que, na arena, Edmilson quase não dá bola para a mulherada que fica atrás dele: “A cabeça está focada no rodeio. A gente vem para cá para montar em boi. Não fico muito atrás disso não”, diz ele, tímido.


Na arena do Rodeio de Jaguariúna, onde atingiu 90,75 pontos 


A melhor parte do trabalho, para ele, é a adrenalina dos segundos que precedem a entrada na arena. “Não sinto medo porque é que nem andar de bicicleta, você acaba se acostumando, mas dá um friozinho na barriga sempre”, explica. “E se não tivesse isso acho que eu não teria vontade de montar, não”.

Na arena, Edmilson recebe uma pontuação calculada a partir do desempenho do animal (ou seja, quanto mais difícil montá-lo, maior a nota) e também com base na performance do competidor. Estilo, domínio e a segurança em cima do touro fazem toda a diferença. Mas, para o peão, o que conta mesmo são três fatores: “É um conjunto - a cabeça do peão, a força dele e a fé”, explica.

Com o que ganha como peão, ele ajuda a mãe, doméstica, e o pai, “que trabalha em um restaurante”, e ainda sobra pra fazer um pé de meia. A carreira de peão é semelhante à de modelo, exige muito do profissional e requer que ele comece cedo a se dedicar, mas depois de uma ascensão meteórica, logo vem a aposentadoria. 


Em Jaguariúna, depois de conquistar o segundo lugar na final do PBR


“O rodeio é uma profissão que uma hora acaba. Depois de um tempo você não agüenta mais montar, então tem que aproveitar enquanto está ganhando dinheiro para guardar para o futuro”, diz ele.

Mas a aposentadoria de Edmilson só virá depois de atingido o objetivo profissional: “Eu entrego na mão de Deus, mas tenho muita vontade de ser campeão mundial um dia e ir pros Estados Unidos”, conta. “Lá é onde você é mais visto, mais falado, é onde você brilha mais. Todo mundo sonha ir pra lá um dia”, contou ele, uma hora antes de entrar na arena de Jaguariúna e conquistar o segundo lugar na final do PBR e um prêmio de cerca de 15 mil reais. 


Edmilson ao lado de Davi Henrique, o primeiro colocado do PBR

“Se eu ficar sem montar, chego a sonhar com boi”, brinca Edmilson

Por: Gustavo Falararo Twitter:@Falararo

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